quinta-feira, 5 de maio de 2011

O VERBO "SUICIDAR-SE" É UM PLEONASMO?

O verbo "suicidar-se" vem do latim sui ("a si" = pronome reflexivo) + cida (= que mata). Isso significa que "suicidar" já é "matar a si mesmo". Dispensaria, dessa forma, a repetição causada pelo uso do pronome reflexivo "se".
É importante lembrar que as palavras terminadas pelo elemento latino "cida" apresentam essa idéia de "matar": formicida - que mata formigas; inseticida - que mata insetos; homicida - que mata homens.
Voltando ao verbo "suicidar-se", se observarmos o uso contemporâneo deste verbo, não restará dúvida: ninguém diz "ele suicida" ou "eles suicidaram". O uso do pronome reflexivo "se" junto ao verbo está mais que consagrado em nosso idioma. É, na verdade, um pleonasmo irreversível.
O verbo "suicidar-se" hoje é tão pronominal quanto os verbos "arrepender-se", "esforçar-se", "dignar-se".
Diferente é o caso do verbo "autocontrolar-se". O prefixo auto vem do grego e significa "a si mesmo". Existe o substantivo "autocontrole" (= controle de si mesmo"), mas não há registro do verbo "autocontrolar-se". Se você quer "controlar a si mesmo", basta "controlar-se".
É interessante, porém, saber que os nossos dicionários registram "autocriticar-se", "autodefender-se", "autodefinir-se", "autodenominar-se", "autodestruir-se", "autodisciplinar-se", "autoenganar-se", "autogovernar-se"...
Numa história que é contada pelo grande ator, compositor, escritor, poeta, Mário Lago, do seu livro 16 linhas cravadas , entre outras histórias, encontra-se a do professor de português que se mata ao descobrir a traição de sua amada esposa Adélia. Deixou escrito na sua mensagem de despedida:
"Adélia suicidou-me". 

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