Após o movimento do Realismo, que se limitava a retratar o homem em interação com o seu meio social, surge no Brasil o Naturalismo, que tinha como principal característica o emprego de temas voltados para a análise do comportamento patológico do ser humano. Essa nova escola literária baseava-se na observação fiel e científica da realidade, de forma bastante objetiva e detalhada, e também na experiência do indivíduo que, para os autores, era determinada pelo seu ambiente e hereditariedade.
Considerado por muitos como o início do pensamento teórico evolucionista de Charles Darwin no Brasil, o movimento ficou bastante conhecido por explorar temas nunca antes trabalhados como a homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio e a loucura. Influenciados pelas ideias, não só de Darwin como também de Hippolyte Taine, Émile Zola e Auguste Comte, os autores naturalistas passaram a retratar em seus personagens traços de natureza animal, desde impulsos sexuais a comportamentos desregrados e instintivos. A agressividade, a violência e o erotismo eram considerados pelos naturalistas parte da personalidade humana, já que o indivíduo era visto como fruto do meio em que vivia.
Além das características já citadas, o Naturalismo era tido como uma espécie de radicalização do Realismo, oposto ao Romantismo e firmado na prosa. O romance naturalista, de linguagem falada e abordagem aberta de temas, causou espanto na sociedade da época que por sua vez considerava os textos chocantes. No Naturalismo, os autores observavam a realidade, a sociedade, a natureza e o homem por meio de um método científico e suas visões eram determinista-mecanicistas, fruto das ideias positivistas e evolucionistas. O cientificismo exagerado transformou a sociedade e o homem em objetos de experiência. O importante era o conteúdo e não a forma. A inovação do naturalismo na literatura foi tamanha que a impressão que se tem ao se ler uma obra dessa escola é de se tratar de um texto atual, contemporâneo.
Semelhante ao que aconteceu em diversas outras escolas literárias, o Naturalismo surgiu no Brasil com a publicação de uma obra específica que abriu as portas para o movimento. Essa obra foi “O Mulato” do maranhense Aluísio Azevedo, publicada em 1881. Além de Azevedo, foram representantes do movimento no Brasil: Eça de Queiroz, Horácio de Carvalho, Inglês de Souza, Julio Ribeiro, Adolfo Caminha, Emília Bandeira de Melo, Pápi Júnior, Rodolfo Teófilo, entre outros.
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